Da evolução do emprego e desemprego no 2º trimestre de acordo com os dados do Inquérito ao Emprego, do INE, destaca-se o aumento do desemprego, o forte aumento da precariedade e a continuação da perda de poder de compra dos salários.
O desemprego regista uma descida trimestral de carácter sazonal mas cresce perto de 9% em relação ao trimestre homólogo, com mais 25,7 mil desempregados, num total de 324,5 mil. A taxa de desemprego tem a mesma evolução, sendo agora de 6,1%, um aumento de 0,4 pontos percentuais em relação ao período homólogo, tendo subido também entre os jovens menores de 25 anos para 17,2%, uma das mais elevadas da União Europeia.
Acrescem os trabalhadores subempregados a tempo parcial, os inactivos disponíveis e indisponíveis, num total de 300 mil. Em conjunto, a subutilização da força de trabalho abrange 625,3 mil trabalhadores, representando 11,5% da população activa e também tendo aumentado face ao 2º trimestre de 2022.
Perto de dois terços do número real de desempregados não tem qualquer prestação de desemprego (uma proporção mais elevada do que há um ano) ou, quando tem, o valor médio fica-se pelos 575 euros, e com metade dos desempregados a receber até 500 euros, abaixo do limiar de pobreza.
O crescimento do emprego por conta de outrem registado este trimestre foi conseguido à custa de um forte aumento da precariedade, que representa 80% desse aumento. No espaço de um ano o número de trabalhadores com vínculos precários aumentou em 88 milhares (+13%), verificando-se também um aumento face ao trimestre anterior. De acordo com estes dados, há 756 mil trabalhadores com vínculos de trabalho precários, correspondendo a 17,8% do total, mas entre os trabalhadores com menores de 25 anos chega aos 57%, estimativas que ficam aquém da realidade.
Outro aspecto preocupante é a destruição de emprego entre os trabalhadores licenciados que no espaço de um ano reduzem-se em 128 milhares.
Os salários continuam a perder poder de compra. O rendimento salarial médio mensal líquido dos trabalhadores por conta de outrem foi de 1.044 euros no 2º trimestre, tendo crescido 0,5% em termos nominais mas descido 3,7% em termos reais.
É preciso responder aos problemas que persistem e que causam a degradação das condições de vida de quem trabalha. Para tal, é preciso romper com o modelo de precariedade e baixos salários vigente no nosso país e valorizar o trabalho e dos trabalhadores. Uma valorização que exige, entre outras medidas, o aumento geral e significativo dos salários e a estabilidade e segurança no emprego, segundo o princípio que a um posto de trabalho permanente tem de corresponder um vínculo de trabalho efectivo.