Em 2024, os cinco maiores bancos a operar em Portugal aumentaram os seus lucros em 12,2% face a 2023, quase os duplicando se a comparação for feita com 2022 e tiveram um aumento de 248% se a base de comparação for 2021.
Lucros líquidos/dia |
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2021 |
2022 |
2023 |
2024 |
∆ 2024/2023 |
∆ 2024/2022 |
∆ 2024/2021 |
BANCA |
3 990 071 |
7 152 312 |
12 378 481 |
13 890 055 |
12,2% |
94,2% |
248,1% |
CGD |
1 736 151 |
2 528 973 |
3 745 026 |
4 770 564 |
27,4% |
88,6% |
174,8% |
BCP - Millennium |
68 471 |
355 274 |
2 596 189 |
2 741 049 |
5,6% |
671,5% |
3903,2% |
NOVO BANCO |
526 545 |
1 605 326 |
2 049 915 |
2 054 058 |
0,2% |
28,0% |
290,1% |
SANTANDER/TOTTA |
818 356 |
1 662 740 |
2 551 808 |
2 713 425 |
6,3% |
63,2% |
231,6% |
BPI |
840 548 |
1 000 000 |
1 435 542 |
1 610 959 |
12,2% |
61,1% |
91,7% |
Por dia, em termos líquidos, ou seja, limpos de impostos, estas cinco instituições acumularam 13,9 milhões de euros, um aumento diário de 9,9 milhões de euros comparado com o ano de 2021.
Na base destes resultados estão, entre outros factores, a política de fixação de juros do BCE e as comissões cobradas por estes bancos. Assim, ao mesmo tempo que diversos indicadores apontam para as crescentes dificuldades dos trabalhadores e das suas famílias acederem ou cobrirem os encargos com a habitação, os bancos e os seus accionistas, acumulam mais e mais milhões de euros em lucros.
Os resultados agora apresentados não podem ser dissociados do indicador que a OCDE divulgou e que combina, precisamente, o aumento dos encargos com a habitação e a evolução dos salários. Portugal, entre os países para os quais existem dados, ocupa o primeiro lugar do índice de acessibilidade habitacional, que mede a relação entre a evolução dos preços das casas e a evolução dos rendimentos, ou seja, é no nosso país que é mais difícil fazer face aos aumentos dos custos e encargos com a habitação.
Aos lucros da banca, podemos ainda juntar os 5,1 milhões de euros líquidos que a EDP e a GALP acumularam por dia em 2024, ou os 1,8 milhões de euros da SEMAPA, NAVIGATOR e CORTICEIRA AMORIM.
O dinheiro que se diz não existir para aumentar salários, a economia que se afirma não sustentar as reivindicações dos trabalhadores de um aumento geral e significativo de todos os salários, em pelo menos 15% e nunca inferior a 150€, sobra para garantir estes lucros colossais que traduzem um nível de acumulação e concentração da riqueza que é económica e socialmente insustentável.
É sintomático, ainda, que no dia em que os resultados dos cinco maiores bancos é conhecido (com a divulgação de resultados do NOVO BANCO), o INE divulga os dados sobre “Privação Material das Crianças”.
Em 2024, comparando com 2021, aumentou o número de crianças que pertenciam a agregados familiares em privação material e social. Entre outros indicadores divulgados, sobressai o dado que indica que uma em cada cinco crianças não tem a possibilidade de passar férias, fora de casa, pelo menos uma semana por ano.
Um contraste gritante, num país que está como nunca para o grande capital, mas que falha em garantir os mínimos a um número crescente de crianças no nosso país.
A CGTP-IN exige uma ruptura com esta política geradora de desigualdades, alicerçada na exploração, subordinada aos interesses dos que mais têm e exorta todos os trabalhadores a participar na Semana pela Igualdade, entre 5 e 12 de Março, na Manifestação Nacional da Juventude Trabalhadora, a 28 de Março e, no dia 5 de Abril, na Jornada de Luta Nacional, com manifestações em Lisboa, Coimbra e Porto.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 07.03.2025