Numa carta enviada ao Bastonário da Ordem dos Médicos, a 7 de novembro, trinta médicos da urgência geral do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) denunciam escalas médicas deficitárias, que não cumprem os rácios de segurança definidos pela Ordem. Esta situação tem sido recorrente e tem motivado o envio de muitas escusas de responsabilidade para a Ordem dos Médicos.

Os médicos do Amadora-Sintra descrevem uma realidade que ultrapassa todos os limites da segurança e da dignidade profissional – equipas reduzidas e com elementos pouco diferenciados, tempos de espera inaceitáveis e condições de trabalho que colocam em causa a própria prestação de cuidados.

No primeiro fim de semana de novembro, o tempo de espera na urgência ultrapassou as 24 horas. O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSASI) justificou-se com supostas faltas dos médicos que estavam escalados, mas a realidade é que no sábado, 1 de novembro, apenas estava escalado um especialista de Medicina Interna durante o dia e apenas dois durante a noite - para a urgência inteira deste hospital que serve uma população de mais de 500 mil habitantes. A restante equipa era composta por elementos menos diferenciados.

Ao mesmo tempo, esta equipa foi obrigada a dar apoio a cerca de 300 camas de internamento espalhadas pelo hospital, incluindo unidades de cuidados intermédios.

Esta denúncia confirma aquilo que o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM) já tinha tornado público em julho deste ano: a saída de oito médicos do serviço de urgência reduziu de forma dramática a capacidade de resposta do hospital.

Por isso, o SMZS-FNAM pediu, na altura, a visita e a intervenção da Ordem dos Médicos, tendo o Conselho de Administração negado a gravidade do problema. A realidade mostrou o contrário: o hospital nunca recuperou da perda de médicos e o problema agravou-se de forma visível.

Para o SMZS-FNAM, a qualidade e segurança num serviço de urgência exigem dotá-lo de equipas médicas estáveis que permitam tanto condições de segurança para os doentes como condições de trabalho dignas para os médicos. O que está a acontecer no Hospital Amadora-Sintra é o espelho de uma realidade mais vasta que mostra uma política do governo que desvaloriza os profissionais, coloca em risco os doentes e trata os alertas dos sindicatos e das equipas médicas como ruído, sem assumir responsabilidade na rutura dos serviços

O SMZS-FNAM expressa a sua solidariedade aos médicos e demais profissionais que continuam a assegurar, com enorme esforço e sentido de dever, o funcionamento do Hospital Amadora-Sintra, e junta-se ao apelo dos médicos para a necessidade de uma intervenção urgente da Ordem dos Médicos e do Ministério da Saúde.

Fonte: SMZS-FNAM