Suscita uma grande apreensão o anúncio, feito ontem pelo Governo, de que ficou concluída a venda, praticamente de mão beijada, da Efacec à Mutares, um fundo de investimento alemão que se dedica à aquisição de médias empresas em situação complexa.
Para a Fiequimetal, justifica-se redobrada vigilância por parte dos trabalhadores.
A Efacec - como se afirma numa nota da federação à comunicação social - é uma empresa portuguesa de alto valor acrescentado e passará para as mãos de um fundo de investimento estrangeiro. A Mutares entrará neste negócio numa posição confortável e com uma taxa de esforço mínima, no que diz respeito ao investimento.
O País nada ganha com esta opção e teria tudo a ganhar com a definitiva nacionalização.
O Governo injectou até, ao momento, 200 milhões de euros na Efacec e prepara-se para colocar mais 160 milhões, a somar aos 35 milhões do Banco de Investimento. Estes números têm uma tradução directa: o Estado decide sanar e alavancar financeiramente uma empresa, para depois a entregar a um fundo de investimento com um historial pouco recomendável, no que diz respeito à «salvação» de empresas e à preservação e criação de emprego.
Quanto ao Estado português, aquilo que seria recomendável – e que sempre a federação e o SITE Norte exigiram – era a nacionalização de uma empresa estratégica para a economia nacional e com reconhecimento internacional nas áreas da energia e da mobilidade. É igualmente um activo estratégico, numa altura de forte incremento na área das energias renováveis.
O ministro da Economia pode dormir descansado, depois de um dia que admitiu ter sido feliz. Nós não. A segurança quanto ao futuro da Efacec não pode ficar entregue a «milagres dos mercados».
Os trabalhadores da Efacec, o SITE Norte e a Fiequimetal estiveram, em especial desde 2017, na primeira linha daqueles que se opuseram a todas as decisões (e à falta de outras decisões) que constituíram ataques aos trabalhadores e perigos confirmados para o desenvolvimento e a consolidação da empresa, no interesse do País.
A decisão do Governo não abala os argumentos com que defenderam a nacionalização nem diminui a determinação de, com os trabalhadores unidos e organizados, prosseguir a luta por trabalho valorizado e com direitos, num Portugal com futuro.