A administração da fábrica em Palmela tem condições para, no imediato, garantir a totalidade da remuneração (salário, subsídio de turno e de alimentação, complemento de fim-de-semana e prémios) aos seus trabalhadores, e o poderoso Grupo VW deveria garantir a totalidade dos salários aos trabalhadores das suas fornecedoras que sofrem cortes salariais.
3.10.2023
Esta posição foi ontem defendida pelo SITE Sul, num comunicado da sua Comissão Sindical aos trabalhadores da VW Autoeuropa, a denunciar que o lay-off representa milhões para os patrões, apesar de ter origem num problema que é da exclusiva responsabilidade destes.
Por outro lado, o lay-off aplicado na empresa traduz-se apenas e só numa penalização dos rendimentos e do emprego dos trabalhadores. Mesmo no financiamento da VW através de fundos da Segurança Social, não se pode esquecer que se trata também de dinheiro de todos os trabalhadores portugueses.
Opção impune pelo lucro mais fácil
Apesar do arranque da produção, a administração mantém o lay-off, com uma redução do horário de trabalho feita da forma mais penalizadora para os rendimentos dos trabalhadores, quando estes enfrentam o aumento do custo de vida.
Além disso, a empresa mantém a penosa rotação dos turnos e suspende o trabalho ao fim-de-semana (e a respectiva compensação monetária).
Havia outras soluções, mas a administração escolheu aquilo que melhor serve as contas imediatas da multinacional.
O trabalho ao fim-de-semana, imposto desde 2017, já foi suspenso tantas vezes que fica em causa a sua real necessidade.
Os «down days» - criados com acordo da Comissão de Trabalhadores, abdicando na altura de aumentos salariais, alegando a garantia do emprego - é um mecanismo que tem servido para paragens de produção no interesse patronal. Já chegou a ultrapassar largamente o limite dos 22 dias anuais, sempre com a garantia da totalidade dos salários.
Agora, a opção da administração foi cortar os salários dos trabalhadores, recorrendo ao lay-off, com a maior fatia paga pela Segurança Social. E começou por lançar no desemprego trabalhadores com contratos precários, que laboravam nas linhas de produção da Autoeuropa contratados por uma empresa de trabalho temporário (Autovision).
A Comissão Sindical assinala que isto ocorre numa empresa que integra um grupo que todos os anos gera lucros de milhares de milhões de euros.
A perspectiva patronal aproveita a permissividade da lei e a conivência do Governo e do Presidente da República.
Fonte: Fiequimetal