O CESP foi hoje impedido de entrar nas instalações da Accenture, em Miraflores, para realizar actividade sindical.
A acção de contacto com os trabalhadores marcada para este dia insere-se na Semana de Combate à Precariedade lançada pela CGTP-IN, que decorre de 2 a 6 de Dezembro. Quando dirigentes do CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal chegaram ao local, foram barrados à entrada. Um responsável da empresa abordou os dirigentes, alegando que não haver fundamento legal para entrar e contactar os trabalhadores, sendo que a fundamentação dessa disposta ilegalidade não foi informada.
O impedimento desta iniciativa por parte da empresa só prova que o flagelo da precariedade é procurado e promovido pelo patronato, chegando até a agir à margem da Lei com o intuito de impedir que os trabalhadores se organizem e lutem pelo trabalho com direitos.
No entanto, o CESP e os trabalhadores não se deixam intimidar, e apesar de não se ter entrado na empresa, não deixámos de contactar os trabalhadores e eleger o delegado sindical.
Como pode o presidente da Accenture Portugal, José Gonçalves, afirmar no Relatório de Sustentabilidade Empresarial que “cumprimos com o nosso compromisso contínuo para com o desenvolvimento sustentável e que a nossa aposta num modelo ético e responsável proporcionou valor real para a sociedade e para os nossos stakeholders.”, quando desrespeita os trabalhadores e as suas organizações?
Já chegaram ao sindicato várias denúncias de trabalhadores, desde desigualdades salariais, alterações aos dias de descanso sem consentimento dos trabalhadores, condições de trabalho precárias e intimidação e repressão sobre os trabalhadores.
O CESP chamou ao local a PSP e a Autoridade para as Condições do Trabalho. Não pode ser tolerado qualquer atropelo à liberdade sindical, direito conquistado pelos trabalhadores, e consagrado na Constituição, e exige-se às autoridades públicas que façam estas empresas cumprir as suas obrigações e puni-las quando não o fazem.
Este incidente tem a agravante de não ser um caso isolado. Têm sido vários os casos de empresas impedirem o acesso do CESP às suas instalações, como temos denunciado noutras notas de imprensa. O que se verifica é a existência de uma cultura empresarial que não vive bem com os direitos laborais, por mais relatórios sobre responsabilidade social e códigos de ética o tentem mascarar. Não se pode falar em concertação, compromissos e em paz social, quando as empresas abusam os seus trabalhadores e não respeitam as suas organizações representativas.
FONTE: CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal