O tema escolhido pelas Nações Unidas para assinalar o “Dia Mundial da Água”, Água para a Paz, não podia ter mais actualidade, num momento de agudização de conflitos, e em que a acção predadora das grandes potências na disputa por recursos naturais é cada vez mais agressiva.
Obviamente que não é a água em si, que cria a paz ou desencadeia conflitos, mas sim a sua importância como bem essencial à vida e a distribuição desigual e luta pelo seu controlo.
Os interesses das multinacionais e dos grupos financeiros que fazem da água um negócio, limitando o seu consumo a quem a pode pagar, não se podem sobrepor ao acesso democrático, como um bem público ao dispor de quem dela necessita, às necessidades dos povos, dos trabalhadores, dos pequenos agricultores e dos mais pobres, sem o que a gestão global da água como um bem público, não conseguirá alcançar o desiderato defendido pela ONU.
No plano nacional, onde três em cada quatro famílias têm dificuldades em pagar as contas, os sucessivos governos PS, PSD e CDS têm aprofundado a transformação da água num bem mercantilizável e instrumento de acumulação de lucro.
O acesso universal à água em Portugal, foi um direito conquistado com a Revolução de 25 de Abril de 1974, que celebra este ano o seu 50º Aniversário, reafirmando a CGTP-IN que a água é um bem público e um direito humano fundamental, cuja propriedade, gestão e provisão tem que estar por inteiro na esfera pública, com base em serviços públicos de qualidade, próximos das populações e subordinados à deliberação democrática.