Os trabalhadores da CP exigem o cumprimento integral do acordo de reestruturação das tabelas salariais, negociado no início de 2025 e consensualizado com todos os sindicatos do setor, com o aval da CP e do próprio Governo.
O Governo está em pleno exercício de funções, Ministérios e Secretaria de Estado conhecem o processo de reestruturação das tabelas, bem como o seu Relatório Final, que obteve o acordo inédito de todas as organizações sindicais com representatividade na CP.
Esse acordo pretende repor parte do poder de compra perdido ao longo da última década, garantir aumentos salariais justos e adequar as remunerações à importância da empresa, que presta um serviço essencial — como comprova o facto de os seus trabalhadores terem estado sempre na linha da frente na última pandemia.
Por outro lado, a atualização salarial aplicada em 2025 na CP, por ato de gestão, ficou, incompreensivelmente, abaixo dos valores praticados na Administração Pública — uma atitude discriminatória evidente — e desconsiderou a progressiva valorização do salário mínimo nacional desde 2018, um progresso social que, paradoxalmente, tem tornado cada vez menos atrativas as profissões ferroviárias.
Na sequência dos conflitos laborais de maio de 2025, os sindicatos suspenderam as formas de luta na expectativa de que, após as eleições, a tutela e a administração da CP honrassem os compromissos assumidos.
O próprio Ministro das Infraestruturas reconheceu então a legitimidade das reivindicações, mas alegou estar impedido legalmente de agir. Ora, esse alegado impedimento já não existe. E o silêncio atual é inaceitável.
É público que a CP é confrontada com enormes dificuldades para recrutar e, sobretudo, reter profissionais — consequência direta de salários desvalorizados e de condições que afastam quem está na empresa e desencorajam quem poderia vir.
Esta realidade tem forte impacto na operação: comboios suprimidos, horários instáveis, serviço degradado. As populações sentem-no. O país também!
Apesar disso, após um novo pedido de reunião urgente à tutela, as estruturas sindicais continuam a ser ignoradas. O adiamento do diálogo, o desrespeito pelos compromissos assumidos e o arrastamento intencional de decisões, precipitam medidas que, contra a nossa vontade, podem resultar em formas de luta, que são sempre o último recurso.
*ASCEF * ASSIFECO * FECTRANS/SNTSF * FENTCOP * SFRCI * SINAFE * SINDEFER * SINFA * SINFB * SINTTI * SIOFA * SMAQ * SNAQ * STF * STMEFE
As organizações sindicais que subscrevem este comunicado representam a totalidade dos trabalhadores, sem exceção. E falam a uma só voz para exigir:
• O cumprimento integral do acordo de reestruturação das tabelas salariais/grelha indiciária;
• O respeito pela palavra dada;
• A abertura imediata de um canal de diálogo sério e consequente.
Os ferroviários não aceitam continuar a ser ignorados, desvalorizados ou alvos de calúnias e mentiras. A luta que travamos é pela dignidade, pela valorização
profissional e pela defesa intransigente de um serviço público ferroviário de qualidade, seguro e à altura das necessidades de mobilidade do país.
É tempo de o Governo decidir. E de o fazer com respeito pelos trabalhadores, pelo que esperamos da parte da administração da CP, que na reunião marcada
para dia 9 de Julho, às 10h30m, tenha uma atitude construtiva, na defesa e concretização das medidas que constam no relatório da restruturação de carreiras, que mereceu a unanimidade das organizações sindicais e da gestão da empresa.
Fonte: FECTRANS (Comunicado conjunto das estruturas sindicais da CP)