Recuperar o tempo de serviço dos professores não custa 300 milhões nem é despesa permanente e não são títulos sensacionalistas que fazem aumentar o custo
A recuperação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço que continua a ser roubado aos professores já não custa 300 milhões, ainda que fosse feita de uma só vez.
A chegada de docentes ao segundo ano do oitavo escalão da carreira (penúltimo), significa a impossibilidade de recuperação desse tempo na íntegra, pois passarão a faltar apenas 6 anos para chegar ao 10.º, o topo da carreira.
Desde 2018, ano do descongelamento da carreira, até agora aposentaram-se quase 12 000 professores e também vários milhares com mais tempo de serviço atingiram os dois escalões de topo, o que significa que o roubo de tempo de serviço, para esses, é irreversível.
Portanto, neste quadro, em que, ainda por cima, as propostas sindicais são de uma recuperação faseada, o custo estará bem longe dos 300 milhões, como, aliás, já foi confirmado por estudo divulgado pela ANDE. Há que também ter em conta que nem todos os docentes que estão a perder tempo de serviço, o perderam integralmente, dado terem sido colocados em horários temporários ou incompletos, ou terem estado desempregados. Acresce que essa não será uma despesa permanente: em primeiro lugar porque os professores não chegarão a escalão acima daquele a que chegariam, só que mais cedo; depois porque os professores vítimas deste roubo não são eternos, aposentar-se-ão e sairão do sistema, sendo substituídos por outros que não têm qualquer tempo de serviço a recuperar.
A FENPROF sabe que para alguma comunicação social mais sensacionalista dar título de primeira página a afirmações, ainda que incorretas, que coloquem a opinião pública contra grupos profissionais, designadamente professores, é uma forma de tentar que o negócio prospere. Infelizmente esse intento parece prevalecer sobre o rigor e a verdade.
Fonte: FENPROF