Face a diversas queixas de trabalhadores do depósito de revisão de Porto São Bento, relativamente a serem compulsivamente escalados para prestarem trabalho nos seus dias de descanso, o SNTSF/FECTRANS endereçou um ofício à administração da CP, manifestando a sua oposição a tal prática.
Havendo a consciência da necessidade de responder a picos de trabalho e situações excepcionais, o reiterado recurso a cortes de descanso, demonstra que não estamos numa situação destas, mas sim, estamos perante um défice estrutural de falta de trabalhadores desta categoria, cuja única responsabilidade é resultante da política de baixos salários há muito levada a cabo por nesta empresa.
Reconhecendo o compromisso da CP em cumprir as suas funções para com as populações utentes do serviço público de transportes, não estamos, com toda a certeza, numa circunstância excepcional ou de força maior, o que tem vindo a acontecer é que a as administrações têm-se comprometido a prestar um serviço que bem sabem não ser possível por falta de trabalhadores, a que acresce ainda o não cumprimento pelos limites máximos de prestação de trabalho extraordinário previsto no Código de Trabalho.
O escalamento compulsivo para trabalho extraordinário impacta negativamente o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos trabalhadores, o que resulta em stress, cansaço excessivo e diminuição da qualidade de vida.
Como bem sabe a administração, os trabalhadores em questão, entre muitas outras funções, estão afectos à segurança de circulação e a realização de trabalho extraordinário de forma compulsiva, leva ao desgaste físico e emocional dos mesmos, o que se reflecte negativamente na produtividade, assim como afecta a saúde a longo prazo e potencia erros que podem ter impacto na segurança.
Cada trabalhador tem limites diferentes em relação ao trabalho extraordinário. A imposição compulsiva dessas horas não é com toda a certeza adequada para todos os trabalhadores por igual.
O SNTSF/FECTRANS reclama da administração da CP que intervenha para a resolução deste problema que não é apenas do local de trabalho referido, solução que passa por se criarem condições atractivas para o recrutamento de novos trabalhadores, onde o aumento geral dos salários é o elemento central.
Fonte: Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário