Perante um considerável resultado líquido de 657 milhões de euros (ou 1105 milhões, contando os «interesses não controláveis»), no ano de 2021, a administração da EDP vai voltar a distribuir aos accionistas dividendos superiores ao lucro obtido. Para a actualização salarial, quer ficar em meio por cento.
As contas anuais foram divulgadas ontem, um dia depois da terceira reunião de negociação da tabela salarial, onde os representantes patronais não alteraram a proposta inicial: actualização de 0,5 por cento.
Mais para os accionistas
Para a Fiequimetal, a posição da administração significa mais um ano com lucros milionários nos cofres dos accionistas.
Numa nota à comunicação social, a federação assinala que, apesar de não ter voltado aos níveis de lucros dos anos de 2014 a 2016, a EDP mantém-se em 2021 com um lucro considerável de 657 milhões de euros (1105 milhões, se considerados os interesses não controláveis), enquanto o EBITDA recorrente cresceu 7% e o resultado líquido recorrente aumentou 6%, para 826 milhões de euros.
Durante o ano de 2021, em média, cada trabalhador contribuiu para o VAB do Grupo EDP com 304 266 euros e a empresa gastou apenas 54 429 euros com cada trabalhador.
À imagem de outros anos, a administração vai distribuir aos accionistas mais do que o lucro angariado no ano fiscal findo.
Um grupo empresarial considerado “Top Employer” e que se auto-denomina familiarmente responsável não tem pejo em propor novamente uma quebra de poder de compra para os seus trabalhadores. Estes, segundo o Conselho de Administração Executivo, estão no centro das preocupações e são o activo mais valioso da EDP, mas foram confrontados com uma proposta de actualização salarial de apenas 0,5%, ou seja, valores entre 5 e 21 euros, que são manifestamente insuficientes.
EDP pode e deve
pagar melhor
A proposta da Fiequimetal, de 90 euros de aumento para cada trabalhador, provocaria apenas um aumento dos encargos com salários de cerca de 8,5 milhões de euros, o que é uma ninharia, perante o resultado líquido recorrente apresentado.
A Fiequimetal reitera a necessidade de um aumento real dos salários, como forma de melhorar a vida dos trabalhadores e contribuir para a retoma da economia.
Pretende também negociar várias matérias, como horários e progressão nas carreiras, para acabar com as discriminações sobre os trabalhadores mais recentes e promover a sua valorização.
Os trabalhadores das empresas do Grupo EDP podem contar com os sindicatos da Fiequimetal/CGTP-IN para defender a melhoria das suas condições de vida e trabalho, pois, em conjunto, saberão dar resposta às pretensões da administração.