Da evolução do emprego e desemprego no ano de 2023 com os dados do Inquérito ao Emprego do INE, destaca-se o aumento do desemprego, aumento da precariedade e a continuação da perda de poder de compra dos salários.

Em 2023 havia 346,6 mil trabalhadores desempregados em Portugal, subindo 27,5 mil face a 2022 (um crescimento de 8,6%).

A taxa de desemprego aumentou para 6,5%, sendo mais alta entre as mulheres (6,9%) e particularmente elevada entre os jovens com menos de 25 anos (20,3%, tendo também aumentado em relação a 2022).

Havia também 149,6 mil subempregados a tempo parcial, 112,8 mil desempregados desencorajados e 31,4 mil inactivos indisponíveis. Conjuntamente com os desempregados, perfaziam um total de 640,5 mil trabalhadores subutilizados por motivo de desemprego ou por trabalharem menos horas do que desejariam, crescendo também face a 2022. Em consequência, a taxa de subutilização do trabalho subiu para 11,7%.

O emprego aumentou mas sobretudo à custa dos vínculos precários. Três em cada quatro trabalhadores encontraram emprego com contratos não permanentes.

A precariedade atinge cerca de 740 mil trabalhadores no nosso país (17,4% do total) e está em crescimento quer em número, quer em taxa de incidência, de acordo com dados do INE. Aumentou 52 milhares relativamente a 2022 (+7,6%), quando abrangia 16,5% do total de trabalhadores.

Os jovens e as mulheres são especialmente atingidos. No último trimestre do ano 33% dos trabalhadores menores de 35 anos tinham vínculos precários, aumentando para os 54% entre os menores de 25 anos.

A precariedade laboral é a principal causa de desemprego (46%), sendo também responsável por salários inferiores aos já de si baixos salários dos trabalhadores com vínculo permanente: 888 euros em termos líquidos para os trabalhadores com vínculos precários face a 1.078 euros entre os trabalhadores permanentes, no último trimestre de 2023.

Não só os salários são baixos, como continuaram a perder poder de compra em 2023: 1,2% face a 2022 e 5,5% face a 2021.

A cobertura das prestações de desemprego desceu face a 2022, atingindo menos de 36% do número real de desempregados, sendo o seu valor médio de apenas 579 euros, inferior ao limiar de pobreza. Quase metade os desempregados (43%) auferia no máximo 500 euros de prestação, levando a que um em cada dois desempregados seja pobre mesmo após receber prestações sociais. A proporção de desempregados de longa duração, embora em decréscimo, atingiu perto de 38% dos desempregados.

É urgente responder aos problemas que persistem e que causam a degradação das condições de vida de quem trabalha. Para tal é preciso mudar de rumo e romper com o modelo de precariedade e baixos salários vigente no nosso país, é preciso valorizar o trabalho e os trabalhadores, essa valorização exige entre outras medidas o aumento geral e significativo dos salários para todos os trabalhadores e a estabilidade e segurança no emprego.

A riqueza que produzimos e tem servido para encher de lucros os bolsos dos patrões, tem que ser distribuída por quem a produz, os trabalhadores. É possível uma vida melhor para todos os que cá vivem e trabalham.

EMP/CGTP-IN
08.02.2024