Comunicado de Imprensa n.º 048/3

Governo, Patrões e Ugt apostam na precariedade

O prolongamento da renovação extraordinária dos contratos de trabalho a termo por mais 12 meses, confirma a aposta dos três subscritores (patrões, Governo e UGT) deste triste compromisso na continuação e acentuação do modelo de baixos salários e trabalho precário.

Esta é uma situação inadmissível tanto mais, que a esmagadora maioria destes trabalhadores com vínculo precário estão a ocupar postos de trabalho permanentes.

A questão não é, como alguns referem, escolher o mal menor entre o desemprego e a precariedade. A questão de fundo é pôr termo a uma política que quer fazer da excepção de ontem, a regra de hoje, baseada na escravização económica e psicológica dos trabalhadores, no plano profissional, pessoal e familiar.

Em Junho, 81% das colocações efectuadas pelos Centros de Emprego, foram celebradas com contrato a termo. Neste mês a média dos salários foi de 622 euros para os contratos permanentes, sendo que os contratos a termo não ultrapassaram os 550 euros. Se acrescentarmos o facto do IEFP continuar a anunciar ofertas de empregos para engenheiros (com experiência de 12 anos de actividade) a troco de um salário de 485 euros, então o nível da ofensiva da exploração e da desvalorização das profissões e dos trabalhadores ainda fica mais claro.

Foi precisamente neste quadro de aprofundamento do desequilíbrio das relações de trabalho a favor do patronato, que a UGT cumpriu a promessa de estender a passadeira vermelha para o diálogo, capitulando, mais uma vez, perante o Governo e as Confederações Patronais.

Num processo previamente preparado pelos três intervenientes, fora da CPCS, a reunião de ontem não passou de uma encenação para dar cobertura a mais um negócio vergonhoso contra os trabalhadores em geral e os jovens em particular.

Tal facto, para além de exigir a denúncia e responsabilização de quem se prestou a mais esta vassalagem perante o Governo e o patronato, exige de todo o MSU uma intervenção ainda mais activa no combate à precariedade e à exigência da passagem dos trabalhadores com vínculo precário ao quadro de efectivos das empresas e serviços.

Mesmo em tempo de férias, este é um trabalho que não podemos deixar de fazer. Por nós, pelas gerações, pelo futuro de Portugal.

DIF/CGTP-IN
Lisboa, 05.08.2013