DESCIDA DO DESEMPREGO NO 2º TRIMESTRE É CONJUNTURAL E NÃO CORRESPONDE À TÃO NECESSÁRIA RETOMA ECONÓMICA

Comunicado à Imprensa n.º 034/06

DESCIDA DO DESEMPREGO NO 2º TRIMESTRE É CONJUNTURAL E NÃO CORRESPONDE À TÃO NECESSÁRIA RETOMA ECONÓMICA

O desemprego voltou a aumentar no 2º trimestre relativamente ao mesmo período de 2005. De acordo com os dados do INE hoje tornados públicos, a taxa de desemprego aumentou para 7,3% (quando era de 7,2% no 2º trimestre de 2005) e o número de desempregados apurados por aquele instituto passa os 405 mil, ou seja, mais 6 mil do que há um ano.

Em termos trimestrais houve uma diminuição quer da taxa de desemprego (em 0,4 pontos percentuais), quer do número de desempregados (menos 5,4%).

No seguimento da divulgação destes dados um membro do Governo veio, apressadamente, afirmar que estes elementos são bons indicadores sobre a evolução da economia e do emprego, ligando-os à acção do seu governo. O governante confundiu a evolução sazonal do mercado de emprego com a evolução anual. O Governo procura deliberadamente fazer crer aos trabalhadores e a outras camadas mais desfavorecidas da população, que actualmente passam por grandes dificuldades, que a economia está no bom caminho.

A descida da taxa de desemprego no 2º trimestre, quando comparada com os três primeiros meses do ano, é habitual. Deve-se ao acréscimo de actividades sazonais, nas quais se destaca o turismo e actividades conexas. O ano passado, por exemplo, a taxa de desemprego baixou 0,3 pontos percentuais na mesma altura do ano. Uma vez findo este período, é previsível que se venha a assistir a um novo aumento trimestral do desemprego.

Há que repor a verdade. O que os dados demonstram é um agravamento da taxa de desemprego relativamente ao mesmo período do ano passado, um aumento do número de desempregados em termos globais devido ao crescimento do desemprego feminino (em 3,2%), uma subida brutal do desemprego dos diplomados do ensino superior (mais 30,5%) e dos detentores do ensino secundário e pós-secundário (mais 15,6%), um aumento do desemprego de longa duração (53% do total), a diminuição do emprego dos quadros mais qualificados administração pública e do sector privado (menos 17,3%), um agravamento da precariedade (20,2%).

Esta evolução, não só contraria o discurso oficial, como vem mais uma vez reforçar a urgência de uma inversão das políticas económicas que têm vindo a ser seguidas e que são responsáveis pela grave situação económica e social do país.

Lisboa, 18 de Agosto de 2006
DIF/CGTP-IN