No seguimento das ordens emanadas do governo, a administração da IP, apresentou-se na última mesa de negociação, na sexta-feira, não com uma, não com duas, não com três, mas com cinco opções de actualização dos salários, mas em que todas significam a redução do salário real dos trabalhadores.

Tal como ontem na CP, estamos a assistir não a um processo de negociação, mas a uma imposição do Governo de orientações para as administrações, com valores abaixo da inflação de 2023 que foi de 4,3%, enquanto as rendas aumentaram 6,94% e quando os trabalhadores estão sujeitos a um aumento brutal das taxas de juro.

O governo determinou e mandou publicar “o tamanho do bolo”, que é muito pequeno, e agora quer que as organizações sindicais façam a sua distribuição pelo mal menor, mas em que todos, sem excepção, ficam prejudicados.

As cinco opções são as seguintes:

Todas têm em comum a fixação do salário mínimo em 900€, o que abrange uma fatia muito pequena de trabalhadores.

1ª opção – Aumento de 3,5% para todos;

2ª opção – 58€ para todos;

3º opção – 2,70% e 9,60€ de subsídio de refeição (+1,28€);

4ª opção – 3% e 9,20€ de subsídio de refeição (+1,08);

5ª opção – 9.30€ de subsídio de refeição (+1,18€)

                        Salários até 1.000€ - 5%;

                        Salários de 1.000€ a 1.500€ - 3,5%;

                        Salários de 1.500€ a 2.000€ - 3,0%

                        Salários acima de 2.000€ - 2,0%.

Como se pode ver, quando “a manta é curta” puxa-se de um lado e encolhe no noutro e quando o “bolo é pouco” não é a divisão que o faz maior.

Para além de ficarem aquém da inflação e do crescimento das rendas e taxas de juro, encolhe a diferença relativamente ao SMN – Salário Mínimo Nacional, numa linha dos salários da IP serem, cada vez mais, salário mínimos.

Por outro lado, a fixação do salário mínimo na empresa em 900€ (que achamos ser um passo positivo embora insuficiente) sem que os outros cresçam na mesma proporção, tem o efeito de achatamento da grelha salarial.

É preciso o crescimento significativo do salário e a redução do horário de trabalho e por isso, é necessário um verdadeiro processo negocial e não a imposição com que estamos confrontados.

Dia 18 de tarde, as organizações que participam neste processo irão reunir para analisar o que cada uma pensa das propostas da administração/governo e decidirem da possibilidade de convergência de posições.

Fonte: Fectrans