Greve nos CTT com adesão de 60GREVE NOS CTT COM ADESÃO DE 60%

É ESTA A RESPOSTA DOS TRABALHADORES E DAS TRABALHADORAS CTT À VEEMÊNCIA COM QUE A GESTÃO DA EMPRESA CONDENOU ESTA GREVE.

Não estivesse a gestão da Empresa exclusivamente preocupada com os bolsos dos accionistas (36 milhões só em 2022) - e as mordomias que esses dividendos, directa ou indirectamente, lhes acarretam - e os Trabalhadores e as Trabalhadoras CTT já teriam visto resolvidos os problemas que os levaram à Greve.

Hoje verifica-se o primeiro de dois dias de Greve nos CTT que vão até às 24 horas do dia 2 de Novembro.

Os números que até agora nos chegaram apontam para uma forte adesão o que, atendendo aos baixos salários em vigor na Empresa e à perda do poder de compra dos Trabalhadores – provocado quer pelo mísero aumento salarial mensal imposto unilateralmente aos Trabalhadores (7,50€) quer à inflação que não pára de subir - demonstra claramente a insatisfação que grassa em toda a Empresa pois, há que tê-lo em conta, aderir à Greve significa, sempre, perda de salário.

Saudamos por isso todos os Trabalhadores CTT que hoje estão em luta – perdendo parte dos seus já magros vencimentos - porque entendem que os seus salários devem ser justos e reflectirem a sua dedicação, profissionalismo e qualificações profissionais. Os mesmos Trabalhadores que, com o seu esforço e dedicação impedem que, no dia-a-dia, o descalabro seja ainda maior na qualidade do serviço que prestam.

Segundo a Comunicação Social “Os CTT – Correios de Portugal condenaram e lamentaram “veementemente” a greve convocada para os dias 31 de Outubro e 02 de Novembro, tendo repudiado as razões e alertado para a possibilidade de perturbações na distribuição de correio e encomendas.”.

Outra coisa não seria de esperar de uma gestão que, no conforto da “gaiola dourada” em que vive, também ela recebeu o seu quinhão da repartição da maior fatia (36 Milhões de Euros) dos 38 Milhões de Euros de lucro obtidos pelos CTT em 2021. ”veementemente”? Pena que a mesma gestão não ponha, pelo menos metade dessa veemência, na resolução dos muitos problemas que provoca quer na prestação do serviço postal quer no bem-estar dos Trabalhadores com a sua política de gestão de “terra queimada”.

Aqueles que no dia-a-dia mantêm a actividade da Empresa apesar dos desmandos da gestão dos CTT, os Trabalhadores da Empresa, gostariam de ver alguma veemência da gestão quer na percepção/correcção dos danos que a sua política salarial – baixos salários – que lhes está a provocar quer - há que não o deixar esquecer - com a descapitalização da Empresa, com as más condições de trabalho, com o abaixamento deliberado da qualidade do serviço prestado – principalmente do Serviço Postal Universal (SPU).

Alertaram (os CTT) para “possibilidade de perturbações na distribuição de correio e encomendas”? A sério? E nos restantes dias do ano, em que não está Greve decretada e Trabalhadores a aderirem à mesma? Também vão alertar?

Vão ter a coragem de dizer a quem, durante o decurso dos últimos 8 anos, recebeu/recebe as suas correspondências e “encomendas” (*) com semanas de atraso que tal se deve à falta de contratação de trabalhadores em número suficiente e à má organização do serviço?

Que muitos Carteiros estão a fazer duas e três zonas (giros) diariamente porque os seus colegas que saíram não foram substituídos?

Que muitas correspondências estão a chegar com atraso porque o(a) Carteiro(a) é forçado(a) a fazer a distribuição do serviço Express Mail (serviço dos CTT Expresso, empresa do Grupo) e a deixar para trás as restantes correspondências?

Que nas Estações de Correio (as ditas Lojas) faltam trabalhadores todos os dias nos balcões? Que em muitas delas se pretende esconder a falta de pessoal com a deslocação sistemática de trabalhadores? Que em muitas delas até o papel higiénico é levado de casa porque não há autorização para o comprarem?

Que, quer na Distribuição quer no Atendimento, os Trabalhadores estão exaustos e estão no limite da sua capacidade de resistência quer física quer psíquica?

Que quer na Distribuição quer no Atendimento os Trabalhadores CTT já “não têm cara” para enfrentarem as – mais que justas – reclamações dos Portugueses sem que tenham resposta para as mesmas e a calarem as razões dos problemas verificados devido à “lei da rolha” que lhes é imposta?

Que não há quem queira trabalhar nos CTT porque os salários são baixos e porque os que tentam, mesmo assim conseguir um posto de trabalho, vão embora poucos dias depois? Porque esses homens e essas mulheres, contratados por 7h48m diárias, sofrem tentativas de coacção a trabalharem mais duas e três horas diária de forma gratuita?

É por tudo isto e por tudo aquilo que aqui não referimos que hoje os Trabalhadores CTT estão em Greve. Porque nos CTT a gestão coloca muita veemência na condenação da Greve mas, na resolução dos problemas que provoca a quem nela trabalha e aos seus utentes/clientes, onde essa veemência era necessária, nada acontece.

Por último uma simples nota para uma organização que só aparece em vésperas de Greve nos CTT, a toda pomposa Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED), que mais uma vez respondeu à “chamada” e fez um comunicado à Comunicação Social a condenar a Greve, legitimamente decretada nos termos da Lei e da Constituição da República.

O SNTCT, sem mais comentários que os necessários, dá-lhe a importância que na realidade tem. Representasse a ANRED a totalidade das Chefias da Distribuição – nomeadamente as que chegaram à chefia por concurso e não por convite - ouvisse a sua Direcção aquilo que nós ouvimos e resolvesse os problemas que lhe são colocados pelas Chefias da Distribuição, estamos certos disso, recusar-se-ia, em nome dos que representa e dos que se alcandora no direito de representar e, também estamos certos disso, calar-se-ia ao invés de voltar a fazer o triste papel de “voz do dono”. Fica-lhes mal mas cada um sabe de si.

(*) – “encomendas”. Tente a Comunicação Social perceber que “encomendas” são estas e a que se refere em concreto a gestão dos CTT. É que, tratando-se de serviço dos CTT Expresso, o Pré-Aviso de Greve não se estende àquela Empresa. Mas, se a referência é as Encomendas previstas no SPU, talvez tenhamos algo a acrescentar e a explicar...

DIA 2 DE NOVEMBRO A LUTA CONTINUA NOS CTT.

Uma luta por salários justos e que permitam uma vida condiga a quem neles trabalha, uma luta por mais e melhores condições de trabalho, uma luta pelo regresso dos CTT à prestação de um serviço postal de qualidade.