O 1º Ministro ao referir que é preciso "combater as desigualdades" está a tentar iludir os portugueses, como o fez nas últimas eleições para a Assembleia da República, e a omitir as causas e os responsáveis de uma política que acentuou a exploração e o empobrecimento generalizado dos trabalhadores, do povo e do país.
Ao apelar aos portugueses para que "olhem para o futuro e não para o passado", o presidente do PSD procura esconder uma política que promoveu o desemprego, a precariedade e os baixos salários, que aumentou brutalmente os impostos para os trabalhadores e pensionistas, cortou salários e pensões, e arrastou 2,7 milhões de pessoas para a pobreza, nomeadamente trabalhadores com e sem emprego, assim como mais de 600 mil crianças, num quadro em que as dez maiores fortunas em Portugal acumulam 10% do PIB nacional e as maiores empresas apresentam nos primeiros seis meses do ano lucros 70% superiores a igual período de 2014.
A leitura atenta do programa da coligação PSD/CDS confirma que o futuro não se constrói com a perpetuação de políticas do passado.
Este é um programa marcado pela ideologia neo-liberal e com políticas que pretendem subordinar a contratação colectiva aos interesses do grande patronato: fomentam a precariedade e os salários de miséria; remetem a reposição dos salários dos trabalhadores da Administração Pública e a eliminação da sobretaxa de IRS para as calendas; mantêm congeladas a esmagadora maioria das pensões de reforma. Sobre a necessária descida da carga fiscal para trabalhadores e pensionistas, nomeadamente com a revisão de taxas, escalões e deduções, nem uma palavra. E nada é dito sobre a alteração às regras de atribuição de apoios sociais, que deixam milhares de pessoas sem qualquer rendimento.
No plano das Funções Sociais do Estado, pilares fundamentais da promoção da igualdade, do combate às desigualdades, e motor do desenvolvimento e da coesão social, PSD/CDS apontam na sua desestruturação e destruição.
A Escola Pública e o Serviço Nacional de Saúde, universais, democráticos e de qualidade, são sujeitos a uma concorrência desleal, a pretexto da "liberdade de escolha". Uma "liberdade" que é sinónimo de enormes descargas de fundos públicos nas empresas privadas de ensino e da saúde, e que serve de argumento para deteriorar os serviços públicos. Numa sociedade como a nossa, caracterizada por um enorme fosso entre os rendimentos dos mais ricos e os dos mais pobres, a "liberdade de escolha" só existiria para os que mais têm, ao passo que os outros ficariam limitados a sistemas públicos tornados incipientes e de baixa qualidade, aprofundando assim as desigualdades existentes.
Na Segurança Social, PSD/CDS promete acabar com princípios fundamentais como a universalidade e a solidariedade intergeracional, substituindo-os por uma lógica assistencialista, sendo já públicas as intenções de cortar nas pensões e privatizar o sistema público de pensões por via do plafonamento e do sistema de capitalização. Estas são alterações que não se coadunam com uma verdadeira estratégia de combate às desigualdades nem com o respeito pela Lei Fundamental do país.
O Governo, o programa da coligação PSD/CDS e a política de direita não servem o povo e o país. A responsabilidade directa que têm no empobrecimento da população e no agravamento das desigualdades, e o pacote de medidas com que se apresentam a eleições mostram que a melhoria das condições de vida do povo português não só não está nos planos da coligação de direita, como é contrária aos seus objectivos ideológicos.
Só uma verdadeira alternativa à política de direita, que melhore as condições de vida dos trabalhadores e da população e fomente um crescimento económico gerador de uma justa distribuição da riqueza, dará efectiva resposta ao grave problema das desigualdades.