Estimativa rápida das Contas Nacionais do INE aponta para fraco crescimento económico e para a deterioração da balança comercial
A economia nacional cresceu 0,4% no 2º trimestre face ao 1º trimestre e de 1,5% em termos homólogos. Estes valores são idênticos aos registados no 1º trimestre e apontam para uma variação média anual que poderá não ultrapassar 1,5% no conjunto do ano o que, a confirmar-se, ficará aquém dos 1,7% previstos pelo Banco de Portugal.
A CGTP-IN considera estarmos face a valores que revelam uma escassa recuperação económica, depois de ter caído em flecha desde 2010 e apesar da influência de factores externos, como o aumento do turismo e o crescimento económico em Espanha, o qual afecta fortemente as exportações portuguesas. Refira-se também que o crescimento homólogo do 2º trimestre está abaixo do verificado na União Europeia (1,6%).
Evolução do PIB real: 2005 = 100
Fonte: Calculado a partir de INE, Contas Nacionais
A estimativa do INE aponta também para o contributo negativo da procura externa com a “aceleração das Importações de Bens e Serviços a um ritmo superior ao das Exportações de Bens e Serviços”. Esta constatação desmente a propaganda do Governo sobre o suposto “milagre” das exportações.
As estatísticas do comércio internacional mostram, por outro lado, que o défice da balança comercial aumentou em 401 milhões de euros no 2º trimestre. As exportações de bens cresceram neste trimestre de 7,4% e as importações de 9,4%.
A situação é ainda mais preocupante na medida em que estes dados estão influenciados por efeitos estatísticos. O crescimento das exportações é em parte explicado pelo aumento de 26,3% nas exportações de combustíveis e lubrificantes, devido a uma paragem temporária da refinaria de Sines no primeiro trimestre de 2014. Retirando o efeito das exportações sem combustíveis e lubrificantes, pelas razões explicadas, as exportações aumentaram apenas 5,9% no 2º trimestre.
A CGTP-IN considera que os dados confirmam uma evolução muito frágil da economia e que a balança comercial continua em deterioração e, portanto, o país não está em recuperação económica. Aliás, o valor do PIB mostra que continua muito distante do valor registado antes da política de austeridade, o que confirma, também a necessidade de aumentar a produção nacional de forma a diminuir as importações e, consequentemente, aliviar o peso da dívida ao estrangeiro.
Neste contexto, reafirma a urgência de ruptura com a política de direita, responsável pela situação de declínio económico e social a que o país chegou, e sublinha a importância do acto eleitoral do próximo dia 4 de Outubro, para abrir caminho a uma real alternativa de esquerda e soberana no futuro de Portugal.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 14.08.2015