A CGTP-IN escreveu uma carta ao Ministro da Economia e do Emprego, Alvaro Santos Pereira, onde denuncia as afirmações inaceitáveis e de cariz persecutório e fascizante de Francisco Van Zeller, classificando-as como incompatíveis com o regime democrático e constitucional. Van Zeller, ex-presidente da CIP, exerce a função de Presidente da Comissão Especial de acompanhamento do processo de privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Em delarações à RDP – Antena 1 responsabilizou sindicato e trabalhadores pela inviabilização da empresa.

 

Conteúdo sa carta dirigida ao Ministro da Economia e do Emprego, Alvaro Santos Pereira:

“Francisco Van Zeller, ex-presidente da CIP, no exercício das suas funções de Presidente da Comissão Especial de acompanhamento do processo de privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, proferiu ontem à RDP – Antena 1, afirmações inaceitáveis e de cariz persecutório e fascizante, alegando existir na empresa "... um sindicato comunista enquistado e violento" e responsável, segundo ele, pela inviabilização da empresa e que seria necessário resolver esse problema do “sindicato enquistado e muito violento.”

O tom e as palavras daquela personagem, que representa o Estado no processo de privatização, permitem descortinar um pensamento próprio de quem se julga em 24 de Abril de 1974, ignorando que o sindicato em causa é a expressão da vontade livre e democrática dos trabalhadores dos Estaleiros, representando a quase totalidade dos mesmos e que exerce a sua actividade no actual quadro constitucional.

Ao contrário do sindicato, as palavras proferidas pelo ex-presidente da CIP revelam intolerância, são violentas e são incompatíveis com o regime democrático e constitucional vigente no nosso país. São palavras, que fazem lembrar tempos que os portugueses não querem de volta.

A CGTP-IN considera que o tom e o conteúdo das afirmações são inaceitáveis, em especial quando proferidas por um representante do Estado, e deixam a nu o perfil de quem as profere. Mas não deixam, também, de esclarecer o tipo de pessoas que o Governo designou e/ou mantém em funções tão delicadas, como são os processos de privatização, em que o compadrio, o favoritismo e a corrupção são factores que devem merecer uma atenção muito especial.

Acresce que, a CGTP-IN não entende a que propósito Francisco Van Zeller, que não conhece o sector nem a empresa, representa o estado em tal processo, e só percebe aquelas afirmações como destinadas a atacar os sindicatos e abrir caminho a despedimentos selectivos. O Governo, designadamente o Ministro da Economia, não pode deixar de se pronunciar sobre isto.

A CGTP-IN exige que seja posto termo ao processo de privatização em curso, condena veementemente as declarações de Francisco Van Zeller, denuncia as tentativas veladas de despedimento e solicita que o Senhor Ministro da Economia, explique se continua a confiar naquela personagem para exercer funções de Presidente da Comissão Especial de acompanhamento do processo de privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, em representação do Estado Português, sob pena de se tornar cúmplice de tais afirmações.”

DIF/CGTP-IN
Lisboa, 17.10.2012