Comunicado de Imprensa n.º 001/08
GOVERNO COMEÇA MAL O ANO 2008
O início deste ano está já marcado com medidas que são profundamente penalizadoras para parte significativa dos trabalhadores e pensionistas.
O Governo prevê no O.E. de 2008 uma inflação de 2,1%. É uma previsão subavaliada que, como noutros anos, só tem como objectivo conter os aumentos dos salários. Quanto aos preços de bens e serviços essenciais, o Governo permite que estes aumentem muito mais que a inflação prevista.
A exemplo disso, temos os transportes públicos que, em média, aumentam 3,9%, o gás entre 4,3 e 5,6%, as taxas moderadoras 2,4%, a electricidade 2,9%, as portagens 2,6%, os bens alimentares em geral entre 5 e 10%, e o pão, escandalosamente, poderá vir a aumentar 30%. Também a água, as propinas em mais 2,1%, e as rendas de casa que sofrerão uma actualização entre 2,5 a 3,75%. E ainda há o risco das taxas de juro subirem bastante mais, aumentando assim os custos do endividamento das famílias.
Em contraste, os trabalhadores têm vindo a perder o seu poder de compra. Em 2007, os trabalhadores da Administração Pública só tiveram um aumento de 1,5% e já tinham tido, em anos anteriores, percas sucessivas. Para este ano o aumento salarial é de apenas 2,1%.
No sector privado, para além de muitos milhares de trabalhadores não terem tido aumentos salariais, em consequência do bloqueamento patronal da contratação colectiva em alguns sectores e os aumentos médios verificados na contratação colectiva situaram-se nos 2,7%.
Mesmo os trabalhadores abrangidos pelo S.M.N., tendo tido um aumento mais significativo, vão também ver o seu poder de compra absorvido, com estes aumentos de preços, dado que o seu rendimento é totalmente usado na obtenção de bens e serviços de primeira necessidade, e muitos destes aumentam mais que a inflação prevista. O mesmo se passa com os trabalhadores que auferem salários baixos.
Quanto às pensões, é incrível que o Governo ainda não tivesse dado a conhecer os seus valores, que entraram em vigor no dia 1 de Janeiro de 2008, e cujo aumento se deverá situar, no máximo, em 2,4% para a maioria dos pensionistas. Para os outros o aumento será inferior, o que irá degradar ainda mais o débil poder de compra de grande número dos reformados.
Por outro lado, o Governo ainda não deu a conhecer o “factor de sustentabilidade” que se aplica a quem requerer a reforma a partir de ontem, deixando na incerteza os trabalhadores que o queiram fazer.
Como se sabe, este “factor de sustentabilidade” está ligado à esperança de vida e tem como objectivo reduzir, no futuro, o valor das pensões, através da sua aplicação.
Na saúde, o Governo continua a sua saga de encerrar serviços de saúde, numa atitude arrogante e administrativa, o que está a gerar justos protestos das populações.
Os encerramentos das urgências em regiões já deprimidas, leva a que milhares de utentes, muitos deles idosos e isolados, tenham que percorrer dezenas de quilómetros, quantas vezes em estradas sinuosas e de difícil acesso, para poderem aceder a um cuidado de saúde do mais primário que é, o de acudir alguém em situação de emergência. Tudo isto em nome de poupar dinheiro, quando o Governo pouco ou nada faz para distribuir melhor a riqueza, quando não ataca a corrupção nem a economia paralela, nem combate os desperdícios e os clientelismos.
A CGTP-IN considera profundamente injusta e inaceitável esta política de agravamento do custo de vida, que tem sérias repercussões sobre os mais desfavorecidos, aumentando o seu empobrecimento.
A CGTP-IN exige aumentos salariais que impeçam a redução do nível de vida dos trabalhadores e a degradação dos rendimentos dos reformados.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 2008-01-02