Intervenção da Interjovem/CGTP-IN na manifestação de 27 de Março

 

Hoje é dia de luta dos jovens trabalhadores Portugueses!

 

Somos muitos,muitos mil, para continuar Abril!

 

Hoje assinalamos na rua as razões da nossa luta de todos os dias – o trabalho com direitos, o direito a uma vida feliz, a um país desenvolvido, o direito e o dever de estarmos com todos os trabalhadores pelo fim da exploração que este governo, pondo em prática a política dos patrões, nos está a impôr.

 

Estamos em luta, comemorando o dia Nacional da Juventude, que se assinala amanhã, dia 28 de Março, porque sabemos que hoje, tal como no passado, temos todas as razões e vários exemplos para saber que a luta vale a pena.

 

A História do dia 28 de Março prova-nos que foi pela resistência, feita de duras batalhas e de luta diária, que foi possível vencer. Faz amanhã 66 anos, que o Acampamento dos jovens anti-fascistas do MUD- Juvenil, em Bela Mandil, no Algarve, foi violentamente reprimido pelas forças do regime. Estes jovens que lutavam pela liberdade e pelo fim da ditadura, em condições muito difíceis, foram parte decisiva na construção de um país novo, onde muitos dos direitos que hoje defendemos na rua e nos locais de trabalho, foram conquistados.

 

Os direitos da Revolução de Abril, feita pela luta de milhares de trabalhadores e de jovens, têm vindo a ser destruídos há décadas com as opções feitas pelos partidos que assinaram os Memorando da Troika – o PS, o PSD e o CDS-PP.

 

Hoje, com a aplicação de todas as medidas erradas e de favorecimento dos patrões, essa destruição é ainda mais visível. O confronto nos locais de trabalho e na rua demonstram a vontade urgente de acabar com estas políticas e com este Governo antes que estes acabem com o país onde queremos viver e trabalhar.

 

Mais de 40% dos jovens Portugueses estão desempregados e mais de 60% não ganha o suficiente para ter uma vida autónoma, mantendo-se em casa dos pais.

 

Mais de 65 mil jovens deixaram o nosso país, numa vaga de emigração como há muito não assistíamos. Vemos os amigos com formação e experiência de trabalho, necessários nas empresas, nos Serviços, nos hospitais e nas escolas, sem trabalho e sem estabilidade, obrigados a estagiar durante longos períodos, em situação de desemprego alternada com recibos verdes, desvalorizados e explorados de forma cada vez mais intensa.

 

Em conjunto com a destruição da Produção Nacional, o desinvestimento na Educação, na Saúde, no Desporto e na Cultura, e o encerramento de centenas de de Serviços Públicos, confrontamo-nos com passos atrás que não podemos deixar passar.

 

São cada vez mais os jovens trabalhadores-estudantes e os filhos das classes trabalhadoras que abandonam o ensino secundário e superior pelos custos que este representa, com as propinas o total sub-financiamento da Acção Social Escolar.

 

No dia em que se assinala o dia Mundial do Teatro, o acesso à Cultura por parte das classes rabalhadoras, e a destruição dos direitos de uma larga maioria dos trabalhadores dos espectáculos, são a realidade bem presente em todos os distritos do país, bem patente nos cortes orçamentais, que fazem com que as companhias que recebam apoio do Estado sejam residuais.

 

O acesso ao desporto, ao associativismo, ao lazer e à vida fora do local de trabalho é uma realidade cada vez mais desconhecida de muitos jovens trabalhadores que, diáriamente, acumulam mais do que um trabalho, horários longos e desregulados, salários que não chegam para as despesas correntes, nem permitem sair fora do risco.

 

São milhares os jovens casais que ficaram de fora dos apoios ao arrendamento jovem que se torna, cada vez mais dificil de conseguir sendo muitos os que entregam as casas por não poderem pagar as rendas, e muitos outros que não podem fazer face aos juros bancários que contrairam para terem uma habitação.

 

São mais de metade dos desempregados, aqueles que não recebem qualquer tipo de protecção social, desistindo da inscrição nos centros de emprego. São mais de 1 milhão e 200 mil trabalhadores que, procurando trabalho, são sujeitos às piores humilhações, em nome da chamada “procura activa de emprego”, chamados para toda a espécie de espectáculos de propaganda às falsas “políticas de emprego” deste governo, desde a promoção do Impulso jovem às feiras do empreendedorismo, onde nos tentam convencer das virtudes de trabalhar sem receber e de estagiar eternamente.

 

Assim não pode ser! Trabalhar sem receber!

 

A realidade dos jovens Portugueses é hoje mais difícil de esconder. Na situação flagrante de retrocesso social que vivemos, tentam convercer-nos, de todas as formas, de que não depende de nós a solução, de que temos que ser “pobres vítimas e espectadores de uma situação controlada pelos mercados”.

 

A esta mensagem, fortemente difundida ns nossos locais e trabalho, na comunicação social dominante, nos diversos movimentos e grupos sociais que nos tentam desorganizar e afastar do Movimento Sindical de Classe dos  outros trabalhadores, respondem todos os jovens que lutam e obtêm vitórias impossíveis de negar.

 

Responderam os trabalhadores dos Estaleiros de Viana do Castelo que ainda ontem estiveram aqui a exigir que este Governo se demita, e que se aposte numa política de produção Nacional, potenciadora do desenvolvimento do país.

 

Responderam os trabalhadores da Bosch, em Braga, que conseguiram a passagem a efectivos de mais de uma centena de trabalhadores necessários todos os dias nos seus postos de trabalho.

 

Responderam os jovens enfermeiros, lutando pelos direitos presentes na contratação colectiva, exigindo vínculos efectivos e que a trabalho igual corresponda trabalho igual, conseguindo fazer valer as suas exigências em vários centros hospitalares, como é o caso recente de Coimbra.

 

Responderam as trabalhadoras do Call Center da Tempo-Team, em Odivelas, lutando contra a Precariedade e exigindo vínculos efectivos

 

Responderam os trabalhadores da Central Cer, em Lisboa, que, por força da sua reivindicação, viram o seu salário aumentado, em cerca de 35 euros mensais.

 

É aos trabalhadores que pertence o papel histórico de transformar a realidade que enfrentamos todos os dias, de combater a exploração que avança a passos largos com a política de direita que este governo nos quer impôr.

 

Enquanto jovens trabalhadores, saímos desta manifestação para continuar a luta que se desenvolve amanhã na nossa empresa, que se vai reforçar desde o dia 6 ao dia 13 de Abril, com a Marcha convocada pela CGTP-IN com expressão em todos os distritos.

 

Esta acção, a começar em Braga e no Algarve, no dia 6 é uma luta de todos os jovens trabalhadores, qualquer que seja, hoje a sua condição, em qualquer ponto do nosso país, e em todos os sectores. É uma grande iniciativa de apresentação de soluções para o desastre a que esta política e a que estes governos, aliados com o Capital, nos conduziram. É a exigência que hoje trazemos à rua que estará, de novo, em Marcha por todo o país - “Queremos trabalho! Exigimos direitos!”

 

A Interjovem/CGTP-IN