O encontro realizou-se em Bruxelas, no âmbito da visita à Europa de organizações sindicais da Nicarágua, Honduras e El Salvador, e permitiu um conhecimento mútuo da situação dos trabalhadores, das respectivas frentes de luta e objectivos de acção, cooperação e solidariedade internacionalista, tendo como objectivo a unidade na acção em defesa dos seus direitos e aspirações.
As organizações centro-americanas integram uma coordenação sectorial têxtil (incluindo também a Guatemala), que tem como objectivo fortalecer a unidade, a luta e a solidariedade de centenas de milhar de trabalhadores. As relações de trabalho são precárias e os salários são baixos, factores que, ligados à predominância de mulheres trabalhadoras no sector, acentua as desigualdades e a fragilidade social, gerando situações de grande exploração, violência e imigração.
Trata-se de um sector constituído por empresas que produzem para exportação, baseando a competitividade nos baixos custos do trabalho para fazerem face à instável procura externa. A situação é tanto mais difícil quanto a dependência da economia nacional desses países face a estas empresas cria situações de permanente ameaça à independência e soberania destes povos e países.
O encontro permitiu a actualização do conhecimento sobre o estado de implementação do Acordo de Associação entre a União Europeia (UE) e a América Central (acordo de livre comércio), cujo capítulo comercial e de investimento é o único em implementação.
As organizações latino-americanas denunciaram o acordo defendido pela UE e a inexistência sequer de formas mínimas de informação e participação aos sindicatos. Tendo inicialmente sido apresentado como marco impulsionador da cooperação internacional, a sua implementação eliminou barreiras alfandegárias e abriu portas ao investimento estrangeiro, processo que beneficiou apenas os grandes grupos económicos da UE (por exemplo da área têxtil e agrícola) e aqueles que com eles se relacionam.
Por fim, foram ainda analisadas formas de aprofundamento das relações bilaterais e multilaterais, nomeadamente tendo em vista o apoio à campanha que as organizações centro-americanas levam a cabo contra as várias formas de violência contra as mulheres.
Foi ainda decidido iniciar contactos na Europa tendo em vista a visita de uma delegação de organizações sindicais desta região à América Central, em 2019, para expressar solidariedade e explorar formas futuras de cooperação e formação sindical.
INT/CGTP-IN
05.12.2018