À beira da rendição, o império Japonês sofreu um ataque cruel com bombas atómicas por parte dos EUA, matando mais de 200 mil pessoas e deixando sequelas graves e duradouras em muitos milhares de japoneses.

Este ataque teve profundas repercussões na saúde, na memória, na cultura da sociedade japonesa e no mundo. Um acto bárbaro por parte dos EUA, e a única vez na história da humanidade em que bombas nucleares foram utilizadas em contexto de guerra.

Num momento em que vivemos, em que aumentam as tensões, os conflitos, as ingerências e bloqueios, a guerra, e em que as relações internacionais estão cada vez mais militarizadas, lembrar o bombardeamento de Hiroshima e Nagasaqui é lembrar também as graves consequências da guerra nos trabalhadores e nos povos.

O capital fomenta a guerra, promove as forças fascistas e reaccionárias, e ataca as liberdades para intensificar e agravar a exploração de quem trabalha. Da Europa à Ásia vemos a aposta na militarização, na corrida aos armamentos, no aumento das tensões, trazendo de novo a ameaça do perigo nuclear. Israel, a única potência nuclear no Médio Oriente, prossegue o genocídio na faixa de Gaza e o aprofundar da ocupação na Palestina, com o apoio dos EUA e a conivência da UE, enquanto ataca, de forma impune, a Síria, o Líbano, o Irão. Ao invés da escalada armamentista, de que é exemplo o cumprimento obediente do Governo português das exigências da NATO, aumentando a despesa militar em 5% do PIB, assim como os mecanismos de financiamento dos orçamentos militares da UE, o que os povos trabalhadores e o povo precisam é do desanuviamento das relações, a procura de soluções políticas e pacíficas para os conflitos.

A guerra não interessa aos trabalhadores e aos povos mas interessa ao complexo militar-industrial, que com ela lucra.

O elevar de tensões, a admissão da utilização de armas nucleares de forma preventiva, juntando ao desrespeito do direito internacional e de tratados internacionais, como o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, coloca o mundo numa situação altamente perigosa. O arsenal de armas nucleares hoje existente no mundo é bem maior, mais potente e destrutivo que há oitenta anos. A sua utilização significaria um perigo existencial à espécie humana. Assinalar o 80º aniversário deste brutal crime é lembrar que não podemos permitir que o que se passou em Hiroshima e Nagasaqui se possa repetir.

A CGTP-IN reafirma a sua posição de luta pela paz e o desarmamento geral, simultâneo e controlado e a exigência de que Portugal se posicione como uma força soberana pela paz e a resolução política dos conflitos. Caminho consagrado na Constituição da República Portuguesa, que preconiza o fim do imperialismo, a não ingerência nos assuntos internos de outros estados, a dissolução de blocos político-militares, como a NATO.

Como força pela paz, Portugal deveria ratificar o Tratado de Proibição das Armas Nucleares, aprovado em 2017, que coloca um caminho para a abolição desta arma de destruição massiva.

Os trabalhadores portugueses prosseguirão a luta por um mundo livre de armas nucleares, de paz, progresso e justiça social, caminho essencial para a efectivação dos direitos e pelo fim da exploração do homem pelo homem.

Nagasaki Atomic Bomb Museum 6 12 00 00 0038