Projeto sobre formação inicial de professores privilegia a quantidade em detrimento da qualidadeFENPROF reúne dia 2 (segunda-feira) pelas 14:30, no ME
Projeto sobre formação inicial de professores privilegia a quantidade em detrimento da qualidade e não honra a tradição portuguesa de formação de professores

 

Portugal tem um dos modelos de formação inicial de docentes de mais elevada qualidade do mundo. Não é que não haja aspetos a melhorar, principalmente no que concerne à prática supervisionada (estágios), que foram extintos em 2005 por Maria de Lurdes Rodrigues. Só que o governo e o ministério de João Costa pretendem alterar o atual diploma sobre formação de professores (DL 79/2014), visando facilitar a chegada de novos professores ao sistema e, assim, diminuir a falta de professores nas escolas.

Depois de anos em que sucessivos governos negaram ou desvalorizaram os sinais da falta de professores e educadores, o caminho agora trilhado continua a ignorar as suas razões estruturais, centrando-se em medidas de caráter imediatista.

Para a FENPROF este não é o caminho certo. A falta de professores resolve-se com a valorização nos planos profissional, social e material, acompanhada de melhoria das condições de trabalho e de vida dos profissionais. Esta valorização não é compaginável com a redução do nível de exigência, presente:

— nos requisitos para ingresso nos mestrados profissionalizantes,

— na desvalorização do papel dos orientadores nas escolas,

— na possibilidade de substituição de práticas supervisionadas por relatórios sobre atividade sem qualquer acompanhamento,

— na possibilidade de o exercício da profissão nos escalões etários mais novos ser aberta a diplomados em outras áreas que não a Licenciatura em Educação Básica,

— na desvalorização da Pedagogia, sobrelevando o didatismo e o tecnicismo.

Estas são algumas das críticas que, a par de pedidos de esclarecimento, a FENPROF levará à reunião de dia 2.

Esta reunião será ainda oportunidade para colocar outras questões até hoje não respondidas pelo ministério, relacionadas com assuntos como: carreira docente (recuperação do tempo de serviço, progressão aos 5.º e 7.º escalões ou avaliação do desempenho), período probatório, deslocação de professores, horários de trabalho designadamente na monodocência, entre outros.

Fonte: FENPROF