A reestruturação sindical, a formação sindical e a política de quadros da CGTP-IN

Filipe Marques
Membro do Conselho Nacional

Estimados delegados e convidados,

Chegámos ao XIV Congresso da CGTP–IN, cumprindo, no essencial, os objectivos a que nos propusemos. Como organização insubstituível para os trabalhadores e único na nossa sociedade, para defender os princípios fundadores, os objectivos programáticos e a natureza de classe desta Central Sindical, é fulcral o empenhamento no reforço da sindicalização e da organização de base e na discussão colectiva da reestruturação sindical, administrativa e financeira, como garante da nossa autonomia e independência.

São objectivos da reestruturação sindical, administrativa e financeira garantir a existência de sindicatos representativos e com intervenção no seu âmbito, melhorar a sua capacidade de resposta e a cobertura, pelos sindicatos do MSU, de todos os sectores, profissões e regiões do País.

Na reestruturação sindical, é necessário estudar a melhor forma de aplicar as decisões e orientações aprovadas nos Congressos anteriores da CGTP-IN, das Uniões, das Federações e nos Programas de Acção dos Sindicatos, inseridas numa estratégia comum de resposta às necessidades e prioridades identificadas, vendo sempre o MSU como um todo.

Não devemos fugir à discussão da necessária arrumação sindical de sectores ou da intervenção sindical em áreas com dificuldades, por inércia ou por alegada inexistência de condições. Temos que avançar em sectores como: Pescas, Indústrias e Energia, Têxtil, Vestuário e Calçado, Alimentação, entre outros.

Quanto à reestruturação administrativa e financeira, optimizar os recursos financeiros, patrimoniais, técnicos e humanos de toda a estrutura, além de racionalizar todos os meios disponíveis, tem como objectivo principal o reforço da coesão interna do MSU e da cooperação e solidariedade intersectorial.

Há que previligiar uma gestão eficaz, rigorosa e transparente com: a discussão regular das questões financeiras, a adequada gestão dos recursos, a concretização de estilos e métodos de trabalho que, no quadro da acção sindical integrada, se traduzam no aumento da sindicalização e da receita de quotização, órgãos activos e quadros sindicais responsabilizados na aplicação das decisões. É neste processo que se enquadram as casas sindicais com serviços comuns.

Valorizar muito a constituição de novas casas sindicais com serviços comuns, designadamente, no Barreiro, Castelo Branco, Guarda, Lisboa (Liverpool e Álvares Cabral) e Madeira. Valorizar, também, o alargar da disponibilidade dos sindicatos para integrar estes processos, como atestam os desenvolvimentos em diferentes fases de discussão para casas sindicais, no Algarve (Faro), em Beja, Coimbra, Évora, Portalegre e Santarém, entre outras. Este é um desafio do presente, indispensável ao reforço dos sindicatos mas que nos assegura o futuro.

Venho, ainda, falar-vos de formação sindical que sendo um investimento estratégico, nem sempre é assumida pelos quadros sindicais da mesma forma e com os mesmos objectivos.

A formação sindical é política e ideológica, contínua e planificada. É necessário assumir compromissos, a todos os níveis da estrutura sindical, para que a formação sindical de dirigentes e delegados sindicais, bem como dos trabalhadores sindicais, seja uma prioridade de curto prazo.

As necessidades são muitas, pelas constantes mudanças do mundo do trabalho e os problemas que colocam aos trabalhadores e ao Movimento Sindical, exigindo muito dos quadros sindicais. É essencial articular os saberes adquiridos pela experiência e memória colectiva, com novos conhecimentos e com as experiências de outros quadros.

O sistema de formação sindical da CGTP-IN, procura garantir percursos formativos e responder às necessidades identificadas na estrutura. Mas não basta por no papel! O desafio é uma maior ligação e entreajuda, cada estrutura deve fazer chegar a planificação das suas acções às Federações, às Uniões e à CGTP-IN.

A formação sindical não é uma tarefa para realizar quando houver tempo. É um investimento para potenciar e valorizar a acção sindical dos quadros, que, diariamente, têm de encontrar respostas para os problemas e as solicitações dos trabalhadores.

A génese da formação sindical é no local de trabalho e lá regressa na execução dos conhecimentos adquiridos na formação sindical necessária, enquadrada no projecto sindical de classe da CGTP-IN, orientada para a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos, indispensáveis para a consolidação da nossa identidade colectiva e uma acção sindical consequente.

Viva a luta dos trabalhadores!

Viva o XIV Congresso! Viva a CGTP-IN!

Seixal, 15 de Fevereiro de 2020