pingo doce banco horas grupal referendoTrabalhadores do Pingo Doce, de várias lojas do país, estão a contactar o sindicato para denunciar ameaças das chefias, nomeadamente, a de não receberem o prémio anual, caso votem contra o banco de horas grupal. O CESP considera que mais esta situação só vem dar razão ao sindicato quando denunciou, ontem, que o referendo feito através de uma plataforma digital, monitorizada por uma empresa externa contratada pelo Pingo Doce, vai permitir à empresa saber quem foram os trabalhadores que votaram e como votaram.

Informação do CESP:

Trabalhadores do Pingo Doce estão a ser ameaçados caso votem contra o Banco de horas

O CESP está a receber denúncias de vários trabalhadores, de várias lojas do país, que as chefias estão a ameaçar os trabalhadores que, caso estes votem contra o Banco de horas grupal, não vão receber o prémio anual.

Esta situação só vem dar razão ao sindicato quando denunciamos que o referendo ao ser feito através de uma plataforma digital, monitorizada por uma empresa externa, vai permitir à empresa saber quem foram os trabalhadores que votaram e o que votaram.

 

Informação divulgada ontem pelo CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal:

Pingo Doce/Jerónimo Martins quer avançar com o referendo para o banco de horas grupal

O CESP recebeu a comunicação das empresas Pingo Doce e JMR com o projecto e o regulamento para a realização do referendo para instituição do regime de banco de horas grupal, entre 16 de Julho e 3 de Agosto de 2020, em todo o país.

O regime de banco de horas grupal viola a Constituição da República Portuguesa que consagra expressamente o direito à organização do trabalho em condições socialmente dignificantes deforma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar.

O trabalhador tem direito à previsão do seu tempo, logo, não pode a empresa dispor, ao seu critério, da totalidade do tempo dos trabalhadores.

A prática diz-nos que na aplicação do regime de banco de horas os trabalhadores passam a ser meros fantoches nas mãos das chefias, controlando os seus horários.

Para além da natureza do banco de horas, a realização deste referendo suscita diversas dúvidas.

À cabeça, o processo de monitorização do acto é pouco transparente. Pois, se a empresa indica que o referendo será acompanhado por uma entidade externa, isto significa, a exclusão dos representantes eleitos dos trabalhadores do processo, quando o assunto é da maior importância para a vida dos trabalhadores.

Ao contrário do que determina a Lei, o regulamento não apresenta nem a hora nem o local do referendo.

Também não foi ainda tornado claro o universo dos votantes, essencial para apurar a percentagem necessária à entrada em vigor do banco de horas.

No processo de votação, não são dadas nenhumas garantias da confidencialidade e inviolabilidade do voto, em plataforma digital.

Sendo a entidade externa, contratada pela Jerónimo Martins, a única a proceder ao apuramento dos votos, como pode haver garantias da credibilidade do resultado eleitoral?

Este referendo pretende implementar o regime de banco de horas grupal quando o mesmo não foi aceite por contratação colectiva. Aliás, relembre-se que o Contrato Colectivo de Trabalho aplicável não é revisto desde 2016 exactamente porque os Sindicatos não aceitam a inclusão do regime de banco de horas grupal no CCT.

A partir de uma suposta consulta aos trabalhadores, ataca-se a Contratação Colectiva de Trabalho e a Democracia dentro do local de trabalho.

O CESP não aceita regimes de banco de horas por estes serem altamente penalizadores dos trabalhadores e suas famílias, pelo seu desgaste na saúde física e mental.

Concluindo, é nosso entendimento, que o regulamento de referendo não cumpre normativos legais e que por isso não deve realizar-se, nem serem instituídos regimes de bancos de horas.